Nelson Reis
25-32 anos
1,88m
Olhos castanhos-esverdeados (invisual no olho esquerdo)
Inglês intermédio, espanhol fluente
Deficiência motora (paralisia cerebral); capacidade de se adaptar fisicamente aos desafios propostos; atrelagem, natação
À procura de agente
nelson.reis96@gmail.com // @nelsonereis
1 – Enquanto ator com deficiência, tenho admiração por artistas que exploram a verdade emocional na sua forma mais crua. Aquela que se revela na vulnerabilidade das personagens aliada à sua força e resiliência interna, em particular, explorada a partir dos seus desejos e limitações.
Por isso, acredito no estudo dessa dualidade como trabalho artístico da experiência íntima da condição humana.
É nesse contexto que encontro uma grande afinidade no trabalho de realizadores como Carolina Markowicz, David Lynch, Darren Aronofsky, Guillermo del Toro e Pedro Almodóvar. O cinema destes mestres não se limita a contar histórias – eles desmantelam-nas, empurram-nas ao limite e desafiam o espectador a sentir para além do óbvio, a penetrar na essência visceral da condição humana.
É a mesma força emocional que encontro na interpretação de Anthony Hopkins, Robin Williams e Meryl Streep. A forma como estes atores conseguem pôr significado a cada palavra, como transmitem silêncio num campo fértil de emoções é algo que desejo alcançar. Também estas profundidades artísticas surgem nas obras de Tiago Guedes e Pedro Costa.
No Teatro, identifico-me com o trabalho dos Artistas Unidos.
Em suma, revejo-me no trabalho destes criadores porque a sua arte não se limita à superfície. É motivada por um desejo de procurar a essência, o momento irrepetível na sua forma mais bela, com detalhes que deixam uma marca permanente, duradoura,
indelével, que não se pode esquecer, na alma de quem as observa.
2 – Para mim, ser ator é somente agarrar o momento presente com total honestidade e respeito, onde o corpo e a voz do intérprete se encontram para uma jornada conjunta. Estes elementos não podem estar em conflito como muitas vezes estão na vida real.
O desafio do ator é encontrar uma harmonia/equilíbrio na relação entre a voz e o corpo que, quando é conseguida, cria uma verdade que é transportada para o público e é nessa união que a magia da interpretação acontece.
3 – Sinto-me mais confortável em palco.
4 – O que levo da escola comigo é, acima de tudo, a importância de dar significado à experiência. Se conseguirmos dar significado àquilo que vivemos, tornamo-nos mais conscientes e ganhamos ferramentas essenciais para o nosso trabalho artístico.
Ao longo destes três anos, procurei não só dar significado à minha experiência como aluno dentro da sala de aula, mas também como observador atento ao que acontecia à minha volta – nas outras turmas, nas pessoas que circulavam pela escola, nas dinâmicas que emergiam dentro e fora do espaço de aula.
Da professora Beatriz Batarda, levo duas aprendizagens fundamentais: a necessidade de confiar na imprevisibilidade e o valor da respiração no trabalho do ator.
Das professoras Elsa Valentim e Sofia de Portugal, guardo a descoberta da energia interna como força motriz no trabalho do ator e, em particular, o módulo de Tai Chi.
Por fim, levo comigo a importância de saborear as palavras, de cultivar um espaço de tranquilidade mental mesmo com a existência de caos e, sobretudo, de confiar nos professores e colegas porque são eles que nos desafiam a encontrar as nossas potencialidades artísticas.